domingo, 20 de março de 2011

Ide

       
      Quem disse que estou me despedindo.

      Estou seguindo meu destino
      para chegar as montanhas
      e ser tocado pelo vento

      Navegar num oceano
      e dar numa ilha qualquer
      encontrar uma pessoa quaquer
      e falar-lhe ao coração

      Tenho por bagagens
      memórias do sacrificio
      esta imagem que pinto
      nunca antes fora vista
      como também minhas mãos vazias

      Se Deus em cuja presença estou
      é onipotente
      se tudo aquilo que deixei
      casa, familia, amigos...
      multiplicou Deus por cem

      Se meu prazer e vontade
      negam outra vida
      se minha lingua é o amor
      e meu país é o mundo

      Assim sigo o caminho
      pisando em serpentes e escorpiões
      desfazendo as obras do inimigo

      ...as vezes haverá lágrimas,desencontros
      para que a verdade se firme
      para que a vida se manifeste
      as vezes haverá despedidas!

            Silvio Ramos Tomas



segunda-feira, 14 de março de 2011

Ontem será amanha


se é pra ser como era antes...
quando tudo nos era comum,
teu mundo, teus segredos,
teu sim, teu não


quando a razão abrandava o destino
e o diálogo nosso cavalo de batalha
onde sorrir e chorar
alimentava o suor do dia a dia
e as noites testemunhas da fé
que ainda nos consome


e nesta esperança
registramos a memória
apagamos as incertezas
e escrevemos novos versos,
versos que cantamos noutras linguas,
l´amour, l´amour, l´amour!


Se é para ser como era antes...


que sejam enterradas as vítimas
eu, tu e nossas queixas,
que após julgada nossas causas
seja sentenciado o passado
e festejaremos nossas vidas


vamos desfrutar o ócio
dormir nas estaçoes
acordar molhado
vestir de vermelho
desejar o impossivel
olhar nos olhos e sentir medo,
medo de escuro, da distãncia, da solidão


se é pra ser como era antes...
nos limites da incerteza
as margens da alvorada
na esquina do amanha,


que tenhamos por testemunhas
a consciência o futuro
e estas linhas.
                                                                                                Silvio Ramos Tomas

quarta-feira, 9 de março de 2011

Antes do sol se por!

...Um minuto de silêncio,
uma oração.

Ao despertar do sono
o tick tack das horas
ordena,
o movimento do trem,
e da cidade a agitação extrema,
se concentrar não consegue,
e a contemplação vem das telas do cinema.

...Um minuto de silêncio
uma oração

Aguardar o tempo certo,
se de tarefas se ocupa sempre,
e o dever por dentro consome,
dos momentos difíceis
não sabe o que fazer.  

...Um minuto de silêncio
uma oração

Nos momentos seus,
escolhas...!
um vai e vem com amigos,
um game com os filhos,
o virar da mesa,
palavras avessas,
e um pedido de desculpas.

É preciso,

...Um minuto de silêncio
uma oração

Assim a vida se torna vício,
sucesso e satisfação,
o  calendário que rege,
e se os planos  falharem,
mais uma dose de ”reza”
e o lavar das mãos,

somando assim outros janeiros;

Sem um minuto de silêncio
Sem uma oração.

                                                            Silvio Ramos Tomas

Cajueiro

            Homenagem à Guiné-Bissau

És desta terra guerreiro,
Sob o sol que arde,
E areia,

Dura vida ganhaste,
Sem água nem ribeiro

Mesmo assim dá-nos o deleite
Sua carne macia
E seu leite

De ti não há resquicios,
Nem raíz nem tronco
Querem-te por inteiro

Querem-te até janeiro, fevereiro
Até que a chuva te apague
E trague outra gente

Já morta estará nossa fome
E as mãos que te acariciam
Repousaras hoje,

Até que sua flor amadureça
E dês lugar a outros
Em seu chão.
                   Silvio Ramos Tomas

Por nossos filhos

 Eu vim falar em nome das crianças,
das que ficaram órfãs com a guerra,
das que sofrem agressões no lar,
das que não tem carinho, afeto, compreensão...

Eu vim falar em nome de todas as crianças,
de todos os seus temores,
de todos os seus sonhos,
de todas as lagrimas,
de todos os sorrisos,
das crianças de todas as raças.

Eu vim falar em nome de
todas as que nascem cada dia,
nos palácios, nos palafitas,
nas favelas, nas ruas, nos becos,

das que vieram indesejadas,
das que vieram por que
uma mãe aflita a Deus suplicou,
das que nascem e querem viver.

Eu vim falar em nome de todas as outras...

Eu vim falar por estas que não são ouvidas,
Por estas, que já não são mais!

                                                                                                   Silvio Ramos Tomas

Soneto

Canta pra mim
um sol maior
um solo qualquer
um bleu;
um céu destes instantes
de aplausos nus,
ao son sombrio
e assobios que nada diz.

Canta pra mim
em alto ton
de dó me ensaia
pois de ouvir tanto
nada aprendi,
nada me diz a música
que de mim inspira
lágrimas...

Canta pra mim
enquanto abraças teu violino
deixa soprar baixinho
o shou ainda vai começar,
toca, meu coração se exalta;
não me importa que me interprete,
seu chão é so cera,
ao menos acena pra mim.         

Canta pra mim
antes que a luz se apague
meus olhos te querem, sol!
não te faças mudo
a vida é real,
e eu nada aprendi,
nada me diz este rítimo
de cores bleu
dos teus olhos. 


            Silvio Ramos Tomas
           


                 

terça-feira, 8 de março de 2011

Lusofonia

       
Pelas artérias do mundo, corre livre a língua
tornando povos unidos
embriões adultos no sub-mundo da inteligência.


Conjulgando diferênças sociais,
acentuando o que nos une;
memórias, tambores, açores, selvas e mares, bahía e manjares...


Gigantes que se apoiam na humildade,
descrevendo o futuro que já sopra
nos quatro continentes CPLP.


Pelas artérias do mundo,
a lingua é sangue que projeta nossa gente,
é oxigênio para a célebre gramática que ostentamos.
É os sentidos dos olhos sobrevoando palavras
e do diálogo que jamais poremos ponto!


O verbo imperativo – pôr –
Que não se impõe sobre – tu –
E dos elitisados, vosso meio irmão bur – guês –


...e no dicionário que nossa fé exclama!
celebra-se nossas dúvidas enquanto
condenamos os por quês?


E os arquivos das viagens que fizemos,
no mundo retangular
que descreveram os poetas: comemos,
dançamos, choramos e nunca nos despedimos.


Já não há ifens pelo caminho,
e  o estrangerismo, não é o x da questão,
se agúdo mantiver as esperanças
e o eu der lugar a todos, seremos nós...


Pelas artérias do mundo haverão afluentes
palavras ambíguas seguirão ouvidas,
compreendidas, reveladas,
por tu. Guês!?


                                                                              Silvio Ramos Tomas